Regra raramente utilizada dá aos EUA o título do Troféu Espírito Santo, do Mundial Amador
por | Ricardo Fonseca
Depois de começar o dia perdendo por três tacadas, a equipe feminina dos Estados Unidos reagiu na rodada final para provocar um tríplice empate, ao lado da Coréia e Espanha, e se beneficiar de uma regra de desempate raramente utilizada para vencer o 31º Troféu Espírito Santo, no Campeonato Mundial de Golfe por Equipes (WATC, na sigla em inglês), encerado neste sábado, 4 de outubro, em Singapura.
O evento deste ano marcou a volta do time feminino do Brasil ao Mundial Amador, depois de ter ficado fora uma única vez nos 61 anos da história da competição, na edição passada, em 2023, quando o evento mudou os critérios de classificação e limitou o número de participantes em 36. Até então, o Brasil era o único país, além dos Estados Unidos, a ter disputado todas as edições do Mundial Amador, tanto no masculino – Troféu Eisenhower –, como no feminino – Troféu Espírito Santo.
Desempate Retroativo
Apesar de o Mundial Amador ter terminado no sábado, o título só foi decidido por um resultado do dia anterior, sexta-feira. Isso aconteceu porque os EUA, a Coréia do Sul e a Espanha terminaram empatados em primeiro lugar, com 558 tacadas, 18 abaixo do par, na soma dos dois melhores resultados dos três de cada equipe, a cada rodada. O primeiro critério de desempate é pelo melhor resultado descartado na volta final – , mas até aí houve empate.
As menores pontuações não contabilizadas da rodada final foram as 71 tacadas de Catherine Park, do EUA, e de Carolina Lopez-Chacarra, da Espanha. A Coréia ficou fora da disputa por ter descartado as 74 tacadas de Seojin Park. Com isso, o desempate foi decidido pelo melhor resultado descartado no dia anterior, quando a americana Megha Ganne, atual campeã do US Amateur, jogou 72, e a espanhola Andrea Revuelta Goicoechea marcou 73. Como o desempate só vale para o primeiro lugar, Espanha e Coréia foram declaradas vice-campeãs, ficando ambas com a medalha de prata.
Individual
O melhor resultado individual da semana foi de Ying Xu, da China, com 275 (70-70-68-67) tacadas, 13 abaixo do par. Xu foi uma das três jogadoras entre 108 participantes a jogar todas as quatro rodadas abaixo do par. Três golfistas empataram em segundo lugar, com 279 tacadas, nove abaixo: Rianne Mikhaela Malixi (70-72-67-70), das Filipinas; Paula Martín Sampedro (71-67-72-69), da Espanha, e Soomin Oh (68-69-73-69), da Coréia.
Outras seis jogadoras empataram em quinto, com 281 (-7): Aira Nagasawa (68-69-72-72), do Japão; Nellie Ong (69-74-69-69), da Inglaterra; Meja Örtengren (70-71-70-70), da Suécia; Andrea Revuelta Goicoechea (68-71-73-69), da Espanha; Annabel Peaford (72-69-70-70), da Inglaterra; e Catherine Park (71-68-71-71), dos EUA. Curiosamente, a Espanha, vice-campeã, teve duas jogadoras entre as Top 10, contra apenas uma dos EUA, o time campeão. Örtengren e Catherine Park se juntaram à chinesa Ying Xu como as únicas com quatro voltas abaixo do par.
Brasileiras
A equipe feminina do Brasil ficou com a última das 36 vagas definidas para o Mundial deste ano, pelo critério de classificação em vigor de 2023. Têm vaga garantida o país campeão, os dez primeiros colocados da edição anterior, com as 25 vagas seguintes sendo definidas pela menor soma dos rankings mundiais das duas melhores golfistas do país, ressalvado que cada continente tem que ter um mínimo de três representantes. O ranking válido foi o do dia 5 de julho de 2025, quando Lauren Grinberg estava na 262ª colocação e Duda Rocha na 372º. Valentina Bosselmann foi convocada para completar o time.
O Brasil terminou a competição em 33º lugar, com um total de 618 tacadas, 42 acima do par, somados os dois melhores resultados do time nas quatro rodadas. Cada brasileira contribui com dois ou três resultados válidos. No individual, Lauren foi a melhor brasileira na 89ª colocação, com 311 (73-78-78-82) tacadas, seguida por Valentina em 91º, com 312 (81-78-75-78), e por Duda em 94º, com 316 (80-79-79-78). Duda estreou na competição. Lauren já havia jogado no Mundial em 2016 e 2018, e Valentina em 2022.
Recordes brasileiros
O Brasil já foi duas vezes medalha de bronze em mundiais. Primeiro no Troféu Eisenhower (masculino) de 1974, no Campo de Golf Cajuiles, no La Romana, na República Dominicana, jogando com Jaime Gonzalez, Priscillo Diniz, Ricardo Rossi e Rafael Navarro e tendo Jesse Rinehart Jr. como capitão. Os EUA venceram e o Japão foi vice, apenas três tacadas à frente do Brasil. Jaime Gonzalez, foi o campeão individual, empatado com o americano Jerry Pate, que viria a ganhar o U.S. Open de 1976, dois anos depois.
O Brasil também foi medalha de bronze no Troféu Espírito Santo (feminino), em 1976, no Vilamoura Golf Club, em Algarve, Portugal, jogando com Beth Nickhorn, Maria Alice Gonzalez, Laura dos Santos e Yolanda Figueiredo, que acumulou o posto de capitã. O Brasil perdeu apenas para os EUA, o campeão, e para a França, que terminou em segundo lugar.
Recordes individuais
O Brasil tem ainda dois recordistas em participações em Mundiais: Beth Nickhorn , que esteve 13 vezes no Troféu Espírito Santo como jogadora e mais uma como capitã; e Roberto Gomez, que participou 12 vezes como jogador, além de outras duas como capitão. Desta forma, Beth e Gomez dividem a honra de ter representado o Brasil 14 vezes na mais importante competição do golfe amador mundial.
Fonte: golfe.esp.br