Sucessos do golfe brasileiro

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Há em todos nós uma forte tendência de ver o mundo pelas lentes do passado. Daí a existência do lamento mundialmente conhecido: “Mas no meu tempo…”. Por isso, é importante o exercício diário de olhar para frente, de ver o presente como ele realmente é, enquanto se trabalha seriamente para um futuro melhor.

Faço essa reflexão porque em minhas viagens pelo país, na tripla condição de empresário, golfista aficionado e presidente da Confederação Brasileira de Golfe, pude entender com maior propriedade que por uma serie de razões não aproveitamos dos grandes nomes que tivemos como representante deste esporte tao marcado pela insígnia do elitismo. Porém, não houve exatamente um descuido, mas talvez uma passividade inadvertida na demora de partirmos para a profissionalização e para uma ação mais contundente juntos aos governos municipais, estaduais e federal, gerando ações indispensáveis para a popularização do golfe, tais como a criação de centros de prática, campos públicos, escola de formação de professores, de especialistas técnicos e de árbitros .

Os tempos e as oportunidades nos trazem uma responsabilidade grandiosa, pois as grandes revoluções estão a caminho, e a CBG está se empenhando na construção de um golfe brasileiro sólido e sustentável. É um trabalho árduo e constante, porém, os frutos já estão surgindo; e é sobre esses frutos que falarei a seguir, pontuando e dando números comprováveis dos resultados alcançados pela nossa instituição, sempre alinhada com nossos importantíssimos parceiros.

Crianças descobrindo um novo mundo

Um dos projetos mais interessantes e emocionantes da CBG é o Golfe para a Vida, o maior programa já realizado no Brasil para o crescimento desse esporte por meio da ampliação da base. O projeto oferece às crianças a oportunidade de ter o primeiro contato com o golfe, e também funciona como uma ótima ferramenta educacional para incentivá-las a viver e a enfrentar seus desafios com discernimento, ética, honestidade e perseverança. O foco é qualificar e certificar, em nível nacional, os professores de educação física e profissionais de golfe para introduzir o esporte para o público infanto-juvenil por meio de um processo padronizado e sustentável.

O programa já foi implantado em 6 estados e inumeras cidades, tais como: Curitiba, Foz do Iguaçu, Costão do Santinho, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Salvador. No total, mais de 50 mil crianças já tiveram seu primeiro contato com o esporte por meio de aulas ministradas por mais de 200 professores capacitados nas próprias cidades.

Esses números dão um claro indicativo do imenso potencial desse projeto. E, como sempre, não estamos sozinhos, e contamos com excelentes parceiros, pois o programa Golfe para a Vida tem o patrocínio do HSBC por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte, e apoio técnico-financeiro do R&A, o Royal & Ancient Golf Club of St. Andrews, além de contar com o total comprometimento das Federações e seus clubes filiados, e também dos órgãos governamentais, como é o caso das Secretarias Municipais de Esportes, a exemplo da paulista, que incluiu o Golfe para Vida como destaque em sua Virada Esportiva de 2014, tendo o Embrase Golf Center, da Federação Paulista, como sede. Entre os mais de 400 pontos de divulgação dos mais variados esportes, o secretário Celso Jatene escolheu justamente o do golfe para visitar e dar seu incentivo especial.

Outros sinais inequívocos da força desse projeto é o número de vezes que a grande mídia se interessou por ele. Entre tantos outros, o Golfe para a Vida já foi tema de reportagens na TV Globo, na TV Bandeirantes e na Rádio Jovem Pan.

O crescimento dos profissionais de competição

Outro grande orgulho de nossa instituição é o esforço que empreendemos para dar ao profissional brasileiro melhores condições de competitividade e maior ritmo de jogo. Nosso Circuito Brasileiro de Golfe, o CBG Pro Tour, é, sem a menor sombra de dúvida, a mais importante iniciativa para o desenvolvimento do golfe profissional brasileiro das últimas décadas; e os números são crescentes. Em 2011, ano de estreia do circuito, foram três etapas com R$ 100 mil em premiação cada, totalizando R$ 300 mil no ano. O primeiro campeão do circuito foi o paranaense João Paulo Albuquerque. No ano seguinte, aumentamos para quatro etapas com a mesma premiação, totalizando R$ 400 mil, e o vencedor foi o paulista Ronaldo Francisco. Em 2013, depois de cinco etapas com um total de R$ 520 mil em prêmios, a taça foi para o argentino Mauricio Molina; e em 2014 as mesmas cinco etapas distribuiram 600 mil em prêmios, tendo Daniel Stapff como vitorioso.

Além da premiação em si, o incentivo aos profissionais brasileiros vem pelo aumento de oportunidades para competirem em torneios nacionais e internacionais, e assim melhorarem seu desempenho no esporte. Já faz dois anos que o Aberto do Brasil integra o calendário PGA Tour Latinoamerica, que dá acesso ao Web.com Tour, o qual, por sua vez, é a principal porta de entrada para o PGA Tour norte-americano. Este projeto se fez vencedor pela coragem da inovação na parceria criada com a IMX e se estendeu para os eventos internacionais; e estamos caminhando para outros desafios tao grandiosos como os já alcançados até o momento.

Além dos recursos por meio da Lei Agnelo Piva, a CBG também tem contribuído para o suporte financeiro dos jogadores ao viabilizar suas inserções no Programa Bolsa Atleta do Governo Federal. Nesse ano, foram 430 mil reais distribuídos para 30 golfistas amadores e 4 profissionais.

Noutra ponta da preparação, proporcionamos uma formação complementar, a exemplo do Programa de Treinamento de Profissionais de Golfe, voltado para a atividade de coaching, cuja segunda edição realizamos em outubro, reunindo 45 participantes de várias partes do país. Nós trouxemos palestrantes com larga experiência, tais como Santiago Garat, professor da Escuela de Golf de Association Argentina de Golf e também head coach da mesma instituição, e Craig Thomas, coach e profissional da PGA norte-americana. São, enfim, uma série de ações que vão se complementando para uma capacitação completa de nossos profissionais.

Para um desempenho total

O golfe é um esporte complexo se falamos em competições de alto nível. A preparação e formação de um grande atleta envolvem tantas variáveis e tamanho cuidado que a CBG criou em 2011 o Programa de Alto Rendimento, o qual, com apoio do Comitê Olímpico e com recursos da Lei de Incentivo Agnelo Piva, fornece aos atletas de ponta uma equipe multidisciplinar, incluindo técnicos e preparadores físicos, além de arcar com custos de viagens para que os jovens atletas possam adquirir experiência competitiva em várias partes do mundo. Por exemplo, os jovens talentos Herik Machado, André Tourinho e Tomaz Pimenta, disputaram recentemente o 119° Campeonato Argentino de Aficionados Copa FiberCorp; e Rohan Boetcher tornou-se o campeão mundial da Faldo Series Grand Final 2014, superando 82 dos melhores juvenis de vinte países, todos eles campeões das etapas anteriores deste que é o mais importante torneio do mundo para golfistas até 21 anos. Outro grande exemplo é o desempenho do brasileiro Rafael Becker, que foi campeão do Aberto do Brasil/Aberto do Atlântico by Creditt Suisse Hedding Griffo, um dos atletas sob os cuidados do preparador físico da CBG professor Paulo Mazzeu.

Golfe com tecnologia de ponta

Se os recursos humanos são fundamentais, eles só podem atingir o máximo de seus potenciais se tiverem à sua disposição o melhor da tecnologia. Com essa visão, a CBG trouxe ao Brasil, por meio de convênio firmado com o Ministério do Esporte, os sistemas Flightscope X2 e Sam Putt Lab, que analisam desde o voo da bola e nível de dispersão até ângulos de ataque e eficiência de rolagem; tudo em 3D e com a mais extrema precisão. Foram comprados seis unidades de cada um desses imprescindíveis sistemas para atingir a alta performance em campo, os quais ficarão com os coachs regionais da CBG em várias partes do Brasil, para o treinamento e avaliação de nossos jogadores.

Outro grande avanço em termos de tecnologia, e de interesse de todos os jogadores de golfe, é o sistema CBG-BlueGolf, que permite acessar em tempo real os resultados dos torneios, verificar handicaps e cartões, ver listagens de campos e conferir as jardas, entre outras tantas funções.

Crescimento do calendário

Outro aspecto de nosso trabalho que nos tem causado muita satisfação é a oferta de torneios aos golfistas de todo o Brasil. Além dos torneios do CBG Pro Tour, as competições têm aumentado constantemente. Em 2013 nosso calendário teve 15 torneios amadores e 10 juvenis, o que já havia sido um crescimento com relação à 2012, mas nesse ano subimos para 21 torneios amadores e 17 juvenis. Também houve um aumento no número de competições válidas para o ranking mundial, totalizando 34 torneios, e isso cria maiores chances de participação de brasileiros em eventos internacionais.

Capacitação interna

Porém, para atingirmos todos esses objetivos e continuarmos nessa jornada vitoriosa, nossa própria equipe também precisa estar em constante aprimoramento, para não haver descompasso entre as exigências de desempenho e o conhecimento. Recentemente, o coach nacional da CBG, Shaun Case, e Nico Barcellos, nosso gerente técnico, participaram de um dos mais importantes eventos da área instrucional e de preparação de atletas de alto rendimento, o PGAs of Europe Teaching & Coaching Conference 2014, que aconteceu em setembro na University of Stirling Management Centre, na Escócia. Eles tiveram contato com o que há de mais refinado e efetivo em termos de conhecimentos golfísticos voltados para a instrução e a condução de atletas à vitória. O mesmo ocorre com o preparador físico Paulo Mazzeu, que foi participar do Olympic Lifting Coach e do World Golf Fitness Summit 2014, ambos realizados nos EUA em outubro último, e que são dois encontros de profissionais de alto nível de várias partes do mundo. A estrutura interna da Confederação também teve que ser ajustada e profissionalizada. Hoje contamos com profissionais super qualificados, e em sua maior parte com MBA em gestão esportiva. Com essa política de preparação e capacitação de todos os envolvidos no projeto de crescimento do golfe brasileiro, estamos realmente atingindo novos níveis de competitividade.

O Brasil nas Olímpiadas

Embora o plano geral de ação da CBG vise um golfe altamente sustentável e sólido em suas bases, possibilitando seu crescimento constante e que perdure pelas próximas décadas, será mesmo nas Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 que o golfe terá uma exibição como jamais poderíamos ter sonhado anos atrás. E o orgulho será completo, pois estamos construindo um campo magnífico, de nível internacional em todos os aspectos, e que após os Jogos será um campo público, aberta à população. Como poderíamos querer oportunidade melhor de coroar tantos anos de trabalho e dedicação a esse esporte maravilhoso?

A continuidade

Porém, nenhum trabalho dará todos os seus frutos se não houver continuidade e abertura. Por isso, rogo a todos os dirigentes e aficionados do golfe, e em particular aos clubes de todo o Brasil, que se inteirem dos projetos e se envolvam de forma ativa. Necessitamos de uma maior abertura no acesso aos clubes, para que tenhamos a oportunidade de criar ídolos, os quais serão fundamentais para o crescimento e para a desmistificaçãoo do golfe junto à população brasileira. Estejam certos que se nos unirmos, e cada um de nós realmente acreditar que podemos ser uma das grandes potências do golfe mundial, é justamente isso o que seremos.

Fonte: Confederação Brasileira de Golfe