Crônica de uma quase catástrofe


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Esta é uma crônica que reproduz fielmente um recente episodio. O nome do golfista foi omitido para garantir que possa seguir praticando o esporte sem destruir o seu relacionamento sentimental...Juro que é tudo verdade!

O veterano golfista arrumou os seus tacos no carro, ultima atividade preparatória para participar num dos melhores torneios do ano num campo espetacular como o percurso de Randall Thompson, da Fazenda Boa Vista.

Antes tinha passado um pano nos seus sapatos de golfe e escolhido a calça, camisa e boné após consultar na internet a última previsão do tempo para Porto Feliz, no interior paulista.

Verificou que o céu estava estrelado no sitio em Franco da Rocha, a 92 quilômetros do local do THB Golf Classic, cuja organização tinha solicitado no dia anterior a reconfirmação da sua participação como jogador.

No jantar limitou-se a beber uma taça de vinho com a sua companheira que o ajudou a colocar as 5:30 horas no despertador eletrônico como hora razoável para chegar a tempo de conversar com os amigos do golfe, esquentar e bater algumas bolas antes de entrar em campo.

Quando o alarme disparou na madrugada demorou quinze segundos para esta em pé. Um chuveiro rápido. Vestiu a roupa separada. Um café rápido com um biscoito. As 5:55 h deu um beijo na companheira que tentava voltar ao sono.

Exatamente as 6:00 h como previsto, o golfista deu partida no carro.

O portão automático do sitio se abriu descortinando o bosque circundante. O golfista respirou fundo o ar puro. Estava pronto para encarar a rodovia situada a um quilometro da estrada rural de terra que conecta o sitio com ela, passando pelo meio da bela mata.

O golfista já imaginava bater o primeiro driver sem forçar para garantir o meio do fairway, quando a realidade apareceu.

Uma grande árvore tinha caído arrastando outro compondo uma barreira intrasponível na estreita estrada rural.

O golfista expeliu todo o ar dos pulmões e buscou se concentrar. Como jogador de golfe conhece que toda situação tem saída.

Abriu a porta do carro e pulou sobre o tronco, que deveria pesar uma tonelada. Para passar somente seria possível de serem retiradas às duas árvores.

Ninguém para serrar os troncos. Ninguém para consola-lo. Apenas o golfista e a sua angustia.

Tirou uma foto da estrada pelo celular. Enviou com uma mensagem explicativa para Laercio Quatrocci, factotum do torneio corporativo, e outro para Fernando Vieira, o seu histórico parceiro de duplas, mostrando a situação.

Era a primeira vez em meio século de jogador de golfe que falhava em comparecer a um torneio onde tinha confirmado participação.

O veterano golfista passou dez minutos frente ás arvores que bloqueavam o seu caminho para o torneio, as suas tacadas no campo belo e desafiador, a confraternização, rever caros amigos.

Nada a fazer. Era como ter jogado uma bola na água. Restava anotar uma penalidade e seguir enfrente. Em verdade, voltar atrás.

Fez uma difícil manobra para retomar o caminho de regresso ao sitio.

Os cachorros latiram quando estacionou o carro frente a casa. A companheira alarmada abriu a porta e perguntou o que tinha acontecido...por que tinha voltado vinte minutos após partir...

“Voltei porque fiquei com saudades”, disse.

Ela nada respondeu. Apenas sorriu e abraçou o frustrado golfista com aliviado carinho.

* Guillermo Piernes é palestrante, jornalista e consultor corporativo. Autor do livro Liderança e Golfe - O poder do jogo na vida corporativa. Editor do site Golfe Empresas. piernes@golfempresas.com.br